segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Conversas em volta da Fogueira – 1


Um acampamento é sempre um acampamento. Até para os menos favorecidos da escola. Segregados e mandados a um acampamento de correção de maneiras, esses jovens... “Especiais” estavam sendo testados e corrigidos. Todos os dias acordando cedo, cuidando de cavalos, limpando o pasto, fazendo atividades no lago.
Quando chegava a noite, jantavam e dormiam. E fora assim nos primeiros quatro dias das férias. No quinto dia, como eles sabiam, teria conversas em volta da fogueira. E lá estavam todos os jovens para ouvir as histórias do Professor Harold, um historiados famosos, que fora chamado só para isso.
Jake, Lisa, Matt, Andrew, Carla e Yugi esperava, com caras de desinteressados, pelas histórias a seguir. O professor Harold, por sua vez, chegou tranqüilo, sem o tradicional violão, e pôs um pacote de marshmallows para as crianças, que logo começaram a espetar e pôr para assar.

- Digam, crianças... Vocês gostam de histórias de terror? – o professor perguntou ao grupo, que fez uma cara de desdém ao ser chamado de criança. Na cabeça deles, ter doze anos não é mais ser criança...



- É, pode ser... – Respondeu Lisa, a mais falante e mais mau encarada do grupo. Seu jeito ativo e despojado relembrou ao professor uma grande amiga que tinha.

- E de vampiros?

Carla soltou um gemido alto.

- Edward Cullen é maravilhoso! Ele é lindo! Ah, o Jasper! O Carlisle!

- CALA A BOCA! – fora cortada por Lisa – É professor... Exceto por essa coisa rosa saltitante, não temos problema nenhum com vampiros.

- É que a história que eu tenho pra contar pra vocês hoje, é sobre eles, e é remetida aos imemoriais tempos da antiga...


Pérsia. Ao contrário do que os registros tendem a mostrar, existe um grande vazio num período da história, que alguns historiadores viriam chamar de História Perdida. Mais ou menos por essa era, os persas eram governados por uma mulher, que, mesmo com todos do conselho indo contra, fez seu marido lhe dar o poder. E logo depois matou todos os membros do conselho... Cyra era mesmo uma mulher complicada.
Dotada de uma adoração pela noite, passava o dia inteiro dormindo, e só se deleitava com os prazeres da carne. Sabendo muito bem como trabalhar as ervas, prendia seu marido em núves de fumaça que exalava pelos lábios, com os mais variados perfumes, feitas das mais variadas ervas. E quando ele já estava quase em torpor, ela mandava vir os tipos mais nefastos da Pérsia: prostitutas, assassinos, ladrões, feiticeiros. E ela se deleitava com todos eles, e aprendia com todos eles. Com os assassinos, obteve o gosto pela morte, com os ladrões, a habilidade de se esconder, com as prostitutas, o sabor mais apurado do sexo... E com os feiticeiros, aprendeu a se manter bela para sempre.
E passou a matar pessoas mais jovens que ela.
 Em cada intervalo de lua – começou com quatro luas, até que chegou a necessidade de um sacrifício por fase lunar – Cyra matava e se empanturrava, banhando-se e bebendo, do sangue de mulheres mais jovens, tudo isso na frente de seu marido, que, inebriado por seus feitiços, achava aquilo lindo.
Mas a vida não perdoa ninguém. E Cyra teria o que merecia.
 Em certa noite, um ataque ao palácio fez com que toda a nobreza fosse morta, e Cyra, foi jogada dentro do tonel de sangue no qual se banhava e bebia, para ali apodrecer. Mas a feiticeira não queria morrer. Não, não agora, e não grávida do jeito que estava. Enquanto ia sentindo sua alma ser arrancada do corpo, a feiticeira pronunciava internamente as palavras que tanto sabia, que tanto dissera para se tornar jovem, na vã esperança de que aquilo fosse transformado, que ela voltasse.
 Mas seria inútil. Se os espíritos não tivessem ouvido...
 Pela vida que levava, Cyra atraiu diversos espíritos para sua casa, espíritos da maldade, da raiva, do ódio, do medo, do sangue, da luxúria, da beleza... Diversos espíritos de um mundo animista que a feiticeira, bêbada por seu poder terreno, não fazia idéia que existia. E eles propuseram a ela uma barganha que não poderia ser desacreditada. Usando da consciência dela, eles escapariam do Spiritum para o mundo dos mortais, e viveriam seguros dentro de uma casca de carne, ao que ela... Viveria para sempre, e com mais poderes do que poderia sonhar. Não mais precisaria de magia para conquistar pessoas, pois sua própria vontade o faria.
Ela não seria mais um ser humano, seria um híbrido de espíritos e humanos, com mais poder do que os dois... E viveria para sempre.
 Claro que ela aceitou na hora, e as palavras da união, “im'ir'un'ash'ir'sh'h'ay'ur”, ou, “nós viveremos em você”, foram proferidas.
 Assim nasceu a primeira vampira, sem nenhuma fraqueza, nem nenhuma limitação.


As crianças olharam para o professor, com um olhar misto de curiosidade e susto. O que elas desejavam? Mais histórias, mais histórias. Uma enxurrada de perguntas sobre como os vampiros ficaram com medo do sol, ou de onde veio sua fome invadiram o professor, que apenas riu. Mas a pergunta que mais lhe deu vontade de responder, veio de Lisa.

- Tá, vampiros tudo bem e tals... Mas e esse papo de espíritos?

- Ah, temos uma atenciosa curiosa ao principal ponto da história. Então, antes de explicar as fraquezas dos vampiros, como surgiram, vou falar sobre os espíritos e qual o papel deles no nosso mundo, de acordo com as lendas dos antigos povos.

Todos os olhinhos ficaram na expectativa por mais histórias, mas o professor deu uma olhada no relógio e...

- Mas isso é uma história para outro dia. Já é tarde, e amanhã vocês tem muitas tarefas para cumprir.




Um comentário:

  1. ...Sem comentários.
    Vou aguardar a explicação sobre os espíritos e acho bom escrever rápido!

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